Queridas Princesas, a nossa Comu prima pela diversidade de experiências. Embora cada noiva (e cada casamento) seja singular, há experiências comuns que nos unem e laços que se formam em que é frequentador assíduo deste nosso querido fórum cheio de ajudas e inspirações.
Um dos primeiros passos decisivos na organização de um casamento (se não o primeiro) é decidir a data do vosso dia C. E com essa decisão vem a pergunta: “Em quanto tempo consigo amealhar o montante necessário para pagar a maior festa da minha vida? De preferência, em segurança e sem endividar-me.” Assim, há noivas que optam por “casar pequeno e depressa”, i.e., casar com poucos convidados e organizar tudo em 7 meses, outras preferem “casar em grande” e marcar o casamento para daqui a um ano ou dois. Seja qual for o vosso motivo, noivinhas com noivados longos: vocês não estão sós!
Hoje juntamos uma das nossas queridas noivas Destacadas – a nossa Kikinhas – e uma casada (eu), ambas com noivados longos. Prometemos abordar assuntos viscerais para quem espera e desespera pelo seu dia C. Em forma de entrevista, as respostas pretendem dar a conhecer as perspetivas do antes e depois do Dia C, após um longo noivado (>12 meses).
1. Fala-nos um pouco sobre ti e a fase do noivado em que estás.
Noiva
Kikinhas: Olá a todas
sou a Cátia tenho 33 anos. Sou uma
pessoa dinâmica, grande parte do dia bem disposta, sonhadora e ando sempre a
mil à hora literalmente, mas na hora de tomar decisões sou uma mulher
ponderada, e analiso tudo de pés bem assentes na terra.
Conheci o noivo, por amigos em comum, numa bela tarde na praia, que nos diziam sempre que seríamos a minha alma gémea um do outro, pois não éramos pessoas de compromissos sérios (E não é que tinham razão??!!! )
Chegámos finalmente à bela fase dos 6 meses antes do nosso Dia C, em que grande parte dos planos já saíram do papel e estão finalmente em andamento. A fase do “tenho tempo” acabou, e entramos na fase “é agora: sim ou não a isto ou aquilo?”.
Casada Milhinha: Sou uma noiva de 34 anos que namorava com o meu agora-marido há 9 anos. Vivíamos juntos há 3 anos, quando decidi pedi-lo em casamento para podermos constituir família depois disso. Sou demasiado séria e ponderada (penso em tudo mil vezes antes de decidir). Ele é um bem-disposto, sonhador, que não gosta de fazer planos para nada. E em muitas formas complementamo-nos. Fomos casar ao Funchal (minha terra natal) e o nosso dia C ocorreu precisamente há 6 meses (sim, já celebrei as minhas bodas de plumas!).
2. Qual a duração planeada do teu noivado? Qual o motivo que te levou a escolher um noivado mais longo e quais as tuas expectativas iniciais nessa escolha?
Noiva Kikinhas: Por incrível que pareça o meu noivo não queria um noivado tão longo, eu queria em 2022, mas ele lá me convenceu para ser 2021. Então no total temos 20 meses de noivado, escolhemos Outubro pois até lá teríamos dinheiro amealhado e, com tanto tempo de noivado, pensei que teria mais do que tempo para ter um casamento de sonho e planear tudo ao devido pormenor. Mas o COVID veio e trocou-me as voltas.
Casada Milhinha: O meu noivado teve a duração total de 23 meses: os 18 meses inicialmente previstos, mais 5 meses após adiamento devido ao COVID. Uma vez que havia planeado um Destination Wedding na Madeira, assumi que necessitava de tempo para contratar com calma os fornecedores com quem tinha mais empatia. Quando comecei a ver o quanto se gastava num casamento, esse tempo começou a transformar-se em necessidade de poupar para um casamento inicial de 182 convidados. Foi aí que começou a minha luta contra os clichés da Indústria Milionária dos Casamentos e a procurar alternativas para não gastar uma entrada de uma casa numa festa de um dia. A minha expectativa era a de conseguir organizar uma grande festa com calma, sem stress, sem grandes surpresas, sem passar-me dos carretos, sem comprometer o meu trabalho por causa disso. Este último ponto consegui cumprir; todos os outros saíram-me ao lado (já verão porquê).
3. Qual a(s) melhor(es) parte(s) de um noivado longo?
Noiva Kikinhas: Sem sombra de dúvida, a melhor parte de um noivado longo é tempo que temos para ponderar bem cada decisão, pedir orçamentos, não tive que escolher coisas á pressa. Aprendi imenso com cada fornecedor, até me ensinaram um melhor timeline do meu casamento: idealizava com casamento sunset (até seria mais em conta – vim a saber depois, como é óbvio), mas com a quantidade de crianças no meu casamento, o melhor seria começar o evento mais cedo e segui esse conselho.
Tenho oportunidade de ver realmente quais as manualidades que vale a pena fazer e as que valem apenas alugar para o dia (ex: toalhas, centros de mesa, a lista podia continuar...)
Digamos que tive tempo para absorver tudo o que aprendia com os profissionais na área.
Casada Milhinha: um noivado longo permite escolher os melhores fornecedores ao melhor preço (fui a primeira a reservar a minha florista em Janeiro 2019 para casamento em Maio 2020. No final daquele mês, a sua agenda já estava completamente cheia para o restante Maio! Fiquei super feliz!) Permite também planear vários pormenores com calma, sem tirar o foco do nosso dia-a-dia repleto de trabalho! Supostamente será um noivado com menos stress – isto tudo na teoria, porque na prática não é bem assim. Nos últimos dias antes do casamento, todas as noivas (com noivados longos ou curtos) passam por grandes momentos de stress e de ajuste de expectativas. Não há como contornar isso. Mas vale a pena aceitar que vai acontecer e deixar fluir!
4. Qual o pior de um noivado longo?
Noiva Kikinhas: O tempo, sem dúvida! A quantidade de coisas e coisinhas que arranjamos por ter tempo e pensar que arranjamos budget até lá.
O choque de ver que o tempo acaba e que acabamos por desistir de algumas ideias criam em mim a necessidade de ser mais objetiva e decidir o que realmente importa para nós no grande dia.
No noivado longo, é inevitável pedir opinião a A, B e C e dar importância a essas opiniões (pior decisão de sempre, acreditem!). Mudamos de ideia à medida que o cerco “aperta”, começamos a questionar as nossas decisões iniciais. Posso dizer-vos que consegui organizar o meu casório em 3 meses em termos de ideias, “E vai ser assim. E vou fazer isto...” Tudo mudou! Tudo!
Casada Milhinha: Quanto maior o tempo de espera, maior a probabilidade de as condições mudarem. Por exemplo, uma amiga minha que ficou noiva um mês depois de mim, casou-se em 7 meses e não teve de passar por todas as restrições do COVID – embora seja uma situação que ninguém estava à espera.
Um noivado longo também leva ao “cansaço do noivado”: já estás farta de idealizar o teu casamento, já sabes tudo o que irá acontecer ao mínimo detalhe, já respondeste mil vezes à pergunta “Então? Como estão os preparativos?” (que já te leva a revirar os olhos ao interlocutor). E vais-te esquecendo da magia de planear o dia e o sentimento de pertença que lhe tens. Já muitas noivinhas se queixaram disso; o COVID só veio agravar essa situação para muita gente.
Pior do que isso, já planeaste todos os segundos do teu Dia C que não permites qualquer desvio do “guião”: tornas-te irascível para quem não cumpre com o prometido e o teu dia sabe a pouco, porque não correspondeu às tuas expectativas. Muitas são as noivas que passam por isto depois de casadas, mas são poucas as que o admitem publicamente na Comu. Aliás, toda a Comu só tem comentários bons dos fornecedores e nunca publicam as partes “menos boas” do seu dia. Eu fui descobrindo os “podres” dos meus fornecedores pelos comentários que uns tinham em relação aos outros. Apesar de achar sempre pouco profissional esse tipo de comentários, no final do dia, confirmou-se a maioria dos “silêncios” e “comentários” em relação ao Chef que liderava o catering, por exemplo.
5. Como é que o COVID afetou a duração do teu noivado e o planeamento do teu casamento?
Noiva Kikinhas: Bem, sim, quando o COVID chegou a Portugal estava noiva ainda nem há 1 mês. Comecei a ter noção do impacto que isto teria. Comecei infelizmente a ver o pior cenário (possíveis adiamentos, etc.)
Como referi inicialmente, sou uma pessoa terra-a-Terra e ponderei se poderia ser despedida, ficar muito tempo em lay-off, se teria impacto nas nossas finanças e esse tipo de pensamento teve um Impacto Enorme nas nossas decisões enquanto casal: escolhemos uma Quinta com melhor preço competitivo, onde saberia que, se o pior dos cenários acontecesse, teríamos dinheiro para a pagar, nem tive coragem em ir ver a minha quinta de sonho e dizer à Sra. Marta que afinal tinha escolhido outra quinta (posso dizer-vos que foi o telefonema mais doloroso em todo o processo de casamento. Mas a realidade, é que tomei a decisão certa e, honestamente, não me arrependo). Não temos a ambição de gastar o dinheiro que temos e não temos. Não queríamos dívidas com este dia. Portanto, o COVID fechou este processo de forma muito rápida. Fiquei noiva a 14 de Fevereiro de 2020. Contratei a Quinta no mês de Maio.
E agora, toda a agonia de quantos convidados poderei ter no Dia C influencia a minha entrega de convites. Estou preparada com 3 listas de convidados:1- com 48 pessoas, 2-com 75 pessoas, e a 3- com 90 pessoas seria o ideal para mim e já seria uma noiva feliz (o que vou ser na mesma, pois vou casar com um arraso de homem, acreditem!).
Casada Milhinha: Quando surgiu o primeiro confinamento, estávamos a 2 meses da minha data original. Já eu tinha tudo programado e sessão de solteiros feita. Já só faltavam algumas manualidades e ir buscar o meu vestido. Quando tive que decidir adiar o meu casamento, nada me fazia crer que esta situação se resolvesse em um ano. Por esse motivo, escolhemos adiar 5 meses (em vez dos tradicionais 12) e manter 2020 como o nosso ano. Mudei, por isso, de um casamento de Primavera para um casamento de Outono. Como em qualquer das épocas na Madeira o clima é ameno e agradável, mantivemos todos os fornecedores e o look nupcial. Apenas troquei as minhas inspirações para decoração floral que, na Primavera com flores da época era possível decoração mais colorida e acessível, no Outono tivemos de nos restringir mais ao baque que o sector da floricultura sofreu com o COVID, devido à diminuição da procura.
6. Tiveste alguma outra surpresa pelo caminho? Como reagiste?
Noiva
Kikinhas: Sim, a
decoração! A quinta onde vou casar tem o seu encanto, mas é um estilo
muito rústico. Então comecei a pedir orçamentos e quase tive um ataque cardíaco,
pois tudo junto ultrapassava os 6 mil euros… Foi aí que percebi efetivamente
que tinha bom gosto Fiquei abatida, mas novamente mantive o foco do que
podia e não podia ter e acho que cheguei a uma conclusão feliz, acreditem (pelo
menos eu acredito!)
E, claro, ter noção de quanto custa as coisas. É verdade que há casamento para toda a carteira, mas nós mulheres sonhamos muito com este dia e romantizamos muito (a Disney também ajudou!). E depois, ter o choque de quanto custa isto e aquilo é um verdadeiro soco no estomago…
Tive um episódio infeliz com o dono da Quinta relativamente aos procedimentos COVID, pois já não teria o Espaço Kids (o que para mim é UM MUST, pois temos o nosso filho e queremos que ele esteja bem entretido e, claro, longe do vestido da mamã.). Conseguimos chegar a um meio-termo. Aí fui muito ingénua, pois os contratos têm a “Ratoeira do Tudo-incluído”… “Então, incluí a Lua?!” Pois é noivas: perguntem tudo antes de assinar o belo papelinho, que é grande parte das vezes verdadeiramente vago e sem nada com que vocês possam agarrar!
Mas a atitude e compromisso já estava feito, e gosto de pensar que sou uma pessoa de princípios e que vou honrar tudo a que me proponho. Logo, é procurar fazer parte da solução e não do problema.
Casada Milhinha: Devido à crise no Turismo, o hotel onde iria realizar o meu copo de água fechou para obras. Deram-me tal informação uma semana depois de ter confirmado com todos os meus convidados que iríamos alterar a data e manter todas as condições: quem queria mesmo ir tomou a iniciativa de mudar os voos (nessa altura, sem custo adicional) e reconfirmar as estadias. Esta informação caiu-nos tão mal como se nos tivessem tirado o chão debaixo dos pés. Ambos passámos por um processo de luto e eu mergulhei numa sensação de descaracterização total face ao nosso casamento. Já não o poderíamos cancelar, para não deixar os nossos convidados mal. Mas também já não seria o casamento que NÓS tínhamos planeado, mas sim o casamento que seria possível. Fomos inclusivamente obrigados a incorrer em mais gastos para alugar um espaço novo e tolerar falta de profissionalismo do catering que mantivemos (infelizmente).
Aqui foi o Noivo Milhinha a puxar pela carroça e fê-lo com distinção! Não tivesse ele tido esse esforço e aturado os meus amuos durante 4 meses, ainda hoje não teríamos casado. E posso dizer-vos que foi mesmo um dia imensamente feliz que valeu a pena todo este suplício!
Sobre o Dueto dos Noivados Longos:
Esta iniciativa começou com um comentário da Kikinhas a um dos meus debates que fez soar alarmes na minha cabeça. Ela escrevia: “O difícil é escolher e é fácil perder-me em tanta coisa que gosto... (...) Quando fiquei noiva fiz logo todo o estacionário, mas fui mudando sempre de ideias... (...)
Tenho que ser prática, pois a vantagem de preparar algo com antecedência é procurar bem todo tipo de orçamento... A desvantagem é que inventamos sempre mais uma coisinha para fazer ... E lá se vão €€€...” Meti conversa com a nossa Kikinhas e nasceu este belo dueto de dicas! Espero que tenham gostado!
Bjs e bons preparativos!