Boa noite, princesas! Não sabia se conseguiria vir cá a tempo de escrever este debate, mas aqui vai! Antes de mais agradeço às administradoras por este divertido concurso e a todos os que me nomearam para Finalista do concurso "Caça ao Site Premium". Mesmo não indo a tempo, não queria deixar de contribuir para encher a nossa Comunidade com um pouco mais de amor.
Todas as Histórias de Amor começam com dois seres que se cruzam por mero acaso. Nós não fomos diferentes: uma amiga comum (a nossa madrinha) apresentou-nos num jantar de sushi. Vínhamos marcados por relações anteriores difíceis de ultrapassar. Eu estava desencantada nos homens em geral - estava farta de conhecer homens que “não queriam nada sério”, que não sabiam lidar com uma mulher alta e vistosa, trabalhadora e focada, que detestava fazer o papel de “mulherzinha” e fingir submissão. Tinha desistido de casar! Mas encontrei nele um homem forte e descomplicado, interessante sem ser convencido, todo um mistério por trás de um sorriso tímido e uma atitude “não é nada comigo” no que tocava às minhas investidas. Quando começamos a namorar, tinha a certeza que ele era diferente dos demais e sentia-me bem apesar de reconhecer que tínhamos que melhorar a nossa comunicação. Eis que ele teve de trabalhar para o estrangeiro durante 2 anos e aceitou o trabalho sem olhar para trás. Magoou-me não visto que havia algo ali entre nós. Eu disse-lhe nesse momento com lágrimas de raiva: “Eu andei demasiado tempo à tua procura! Não vai ser agora que vou desistir!” E lá foi ele para Madrid e conheceu imensa gente e divertiu-se, mas estávamos juntos. Enquanto isso, começava o meu primeiro trabalho em Lisboa e saía com as minhas amigas. Uma relação ligeira, por vezes difícil pela distância, mas agradável para ambos.
Plaza Mayor, Madrid
Quando voltou para Portugal, eu fui colocada em trabalho em Santa Maria da Feira. Tive muitas dúvidas em ir para tão longe, mas ou abdicava da minha carreira de sonho e ficaria ressentida o resto da minha vida, ou ficávamos separados mais 5 anos. Tive muitas dúvidas, mas lá fui para a terra das fogaças. Ficava perto da casa dos pais dele, tinha oportunidade de vê-lo aos fins de semana. Nunca me impediu de seguir os meus projetos, prosseguir os meus estudos, participar nas minhas formações. Mesmo quando estava cansada e triste, ele virava-se para mim aflito mas com abraços fortes: “Tu não te preocupes: dê por onde der, tu vais continuar e acabar do teu Doutoramento”.
Já namorávamos há 7 anos à distância e nunca tínhamos morado juntos. Eu tinha imenso medo! Não queria passar a ser a mulherzinha-a-dias. Não queria abdicar do meu trabalho que me dava tanto prazer. Pedi-lhe, quando começámos a falar de casamento na brincadeira, que não me pedisse (NUNCA!) em casamento pois eu diria que NÃO se não tivesse preparada. Sabia que era um homem excecional, mas não queria fazer “all in” tão cedo. Ele queixava-se de eu ser tão determinada nesse aspeto. Mas só eu sabia os medos que eu tinha acumulado nos anos.
Entretanto, voltei para Lisboa e começámos a viver juntos pela primeira vez. E ao contrário do que pensava, não foi NADA fácil. Tínhamos ritmos diferentes, modos de estar diferentes e custou-me imenso adaptar-me à sua presença no meu pequeno apartamento e ele a adaptar-se à maluca das arrumações que eu era então. Brigávamos constantemente, sempre cansados do nosso trabalho. Mas no essencial, nas dificuldades, no cerne de tudo nós éramos os melhores amigos, os melhores companheiros, unidos contra o Mundo para o Bem e para o Mal.
Foi aí que decidi cumprir a minha palavra e pedi-lo em casamento. Primeira dúvida: o que oferecer-lhe? Os anéis de noivado para homem não faziam nada o seu género. E eis que uma amiga minha me falou do conceito de “relógio de noivado” – e adorei a ideia.
Segunda dúvida: como tornar o pedido inesquecível? Queria surpreende-lo, queria andar de balão de ar quente e pedir-lhe em casamento lá no alto, quando nenhum de nós estaria confortável, mas numa situação única. Não tínhamos budget para ir de férias para a Capadócia, Turquia. Então tentei participar no FIBAQ (Festival Internacional de Balões de Ar Quente). Mas no dia em que íamos andar de balão, o festival foi cancelado devido ao mau tempo. Lá tinham ido os meus planos por água abaixo! Estava desconsolada! Mas determinada. Tinha comprado o relógio na véspera e não iria andar semanas com ele na minha mala à espera do momento ideal.
Era fim de semana e fomos passear com a nossa madrinha e o namorado. Chuvia imenso e só havia nevoeiro por todo o lado. Tentei procurar castelos na margem sul, mas chegávamos sob um tempo miserável que nos obrigava a ficar no carro. Eu ficava cada vez mais nervosa, cada vez mais frustrada, mas sempre determinada. A meio da tarde fomos bater ao castelo de Palmela e aí a chuva deu tréguas (até o sol sorriu um pouco para nós). Passeámos pelas ruinas da antiga igreja - eu sabia que aquele lugar era especial! Visitámos as lojas de artesanato, bebemos licores (eu, para ganhar coragem). Subimos à torre de menagem - pedi à nossa amiga para nos deixar a sós. O meu coração palpitava, mas a minha mão na mão quente dele não tremia.
Sentei-o numa janela medieval com vista para Setúbal e o estuário do Sado - uma vista lindíssima agora que levantara o nevoeiro. Comecei uma conversa corriqueira, já nem me lembro bem qual. E virei-me séria para ele: "Desculpa Chiqui mas eu tenho algo grave para te dizer. Assim nós não podemos continuar. Andamos sempre cansados e sempre às turras." Ele tinha um sorriso nervoso. "Estou a falar a sério, acho que não podemos continuar assim. Acho que está na hora de darmos um passo em frente na nossa relação e queria saber se... tu aceitas ser meu para sempre e casar comigo?" Estávamos ambos sentados, olhos nos olhos, igual para igual. Não houve necessidade de nenhum de nós por-se de joelhos. Estávamos no nosso estado mais vulnerável. As lágrimas corriam-me pela cara abaixo como se algo trágico tivesse passado entre nós. Mas ria-me, nervosa, entre as lágrimas. Naquela fracção de segundos, duvidei que ele iria aceitar. Tinha medo que, por despeito fosse, dizer que não - tal como eu fizera crer. Mas não. Ele só tinha um "Claro que sim, tontinha" E abraçou-me e consolou-me de todo o meu medo. Se eu conhecia aquele homem à minha frente melhor do que me conheço a mim, como podia eu duvidar da sua resposta?
Castelo de Palmela
Como homem a sério, mais tarde pediu-me em casamento e ofereceu-me o meu lindo anel!
Dentro de 15 dias celebramos também 1 ano de noivado - a 10 de Novembro (parabens a nós)! Sou uma mulher mais completa porque tive a honra que ganhar coragem e pedir o meu noivo Milhinha em casamento. O Amor não é fácil. É como um jardim: é preciso cuidar, é preciso adubar, é preciso proteger das tempestades, é preciso arrancar as ervas daninhas. Mas nada do que vale a pena nesta vida, vem sem trabalho! E eu não queria que fosse de outro jeito.
E vocês, princesas? Arriscariam fazer isto que eu fiz? Bjs