Olá noivas e noivos...
Estava aqui a pensar na vida e lembrei-me de partilhar com vocês algo que chegou até mim lá no início da pandemia, mas antes deixem-me contextualizar a coisa.
Então é o seguinte: nos primeiros dias mesmo maus da pandemia, lá em Março eu andava em pânico. Via números todos os dias dos meus "3 países": Portugal, Itália e Reino Unido, e sonhava todas as noites com o maldito virus... tenho a certeza que não fui a única a ser tomada por esta onda de ansiedade.
O que sei é que depois de umas 2 ou 3 semanas passou, mas que muitas de vocês ainda se sintam muito ansiosas (e afinal de contas, temos um casamento para preparar, e uma pandemia não ajuda).
Eu sou muito contra certas medidas que têm sido impostas aqui no Reino Unido.
Esperem eu não sou doida!
Sou contra muita coisa, mas por outro lado eu sou a pessoa que tem um álcool gel no bolso sempre, eu desinfecto as mãos quando me sento no autocarro, quando saio do autocarro. Que uso sempre máscara em espaços fechados, e que mantém o distanciamento. Que manda vir as coisas online para não ter de ir à loja, que se toco em algo de outra pessoa (se alguém me mostra algo no telemóvel por exemplo) vou lavar as mãos logo a seguir...
O que eu quero dizer com isto é que há muitas coisas que para mim não fazem sentido, no entanto eu sempre faço o meu melhor e aquilo que eu posso fazer para não apanhar o vírus ou não o passar aos outros (caso o tenha)... e até agora tem corrido bem 🙏
Obrigada por terem lido até aqui! 💕
Então, voltando ao assunto principal deste debate... em 1945, foram lançadas bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki. 3 anos depois, ou seja, em 1948, C.S. Lewis escreveu um ensaio jornalístico intitulado “On Living in an Atomic Age” - Sobre Viver numa Era Atómica.
Vocês provavelmente já viram esse texto, porque foi publicado em muitos locais a sugerir trocar "bomba atómica" por covid-19.
Eu sugiro o mesmo, onde se lê bomba atómica troquem por covid-19.
O texto, traduzido, é este:
"De certa forma, pensamos muito na bomba atômica. “Como vamos viver em uma era atómica?" Estou tentado a responder: "Ora, como você teria vivido no século XVI quando a praga visitou Londres quase todos os anos, ou como você teria vivido na era Viking, quando invasores da Escandinávia podiam chegar e cortar sua garganta a qualquer noite; ou, de fato, como você já está vivendo em uma era de cancro, uma era de sífilis, uma era de paralisia, uma era de ataques aéreos, uma era de acidentes ferroviários, uma era de acidentes de carro.”Em outras palavras, não vamos começar a exagerar a novidade de nossa situação. Acredite em mim querido senhor ou senhora, você e todos a quem você ama já foram condenados à morte antes da bomba atômica ter sido inventada: e uma grande porcentagem de nós irá morrer de maneiras desagradáveis. Nós tínhamos, na verdade, uma vantagem muito grande sobre nossos ancestrais - os anestésicos; mas ainda temos isso. É perfeitamente ridículo ficar a choramingar e a ficar carrancudos porque os cientistas adicionaram mais uma chance de morte dolorosa e prematura para um mundo que já se eriçava com tais chances e em que a própria morte não era uma chance, mas uma certeza.
Este é o primeiro ponto a ser feito: e a primeira ação a ser realizada é recompormo-nos. Se nós vamos ser todos destruídos por uma bomba atômica, que essa bomba quando vier nos encontre a fazer algo sensato e coisas humanas - orar, trabalhar, ensinar, ler, ouvir música, dar banho nas crianças, jogar tênis, conversar com os nossos amigos durante uma cerveja e um jogo de dardos - não amontoados como ovelhas assustadas e pensando em bombas. Elas podem quebrar os nossos corpos (um micróbio pode fazer isso), mas elas não precisam dominar as nossas mentes".
Com isto queridas, quero lembrar que temos que ter cuidados sim, que devemos fugir de coisas que nesta altura nos sejam desconfortáveis, que nos devemos proteger e proteger ao outro, mas que devemos continuar a viver.
Se tudo correr bem, estas restrições serão atenuadas daqui a uns 2 meses e os nossos casamentos serão realizados, com restrições, mas a sem colocar ninguém em risco e a viver coisas que são supostas que vivamos.
Um bejinho a todas e todos 💗
Só queria deixar uma dose de esperança.