Olá,
Apesar de andar bem mais ausente da comunidade, e após ter visto alguns debates acerca do assunto, acho que faz todo o sentido juntar-me ao movimento "Confissões de uma casada" e falar um pouco acerca do que mudaria e do que faria igual relativamente ao meu grande dia.
Primeiro ponto a ter em conta: Casei a 6 de maio de 2017, portanto há mais de 10 meses. A esta altura já tive oportunidade de fazer um balanço e perceber o que efetivamente correu bem e o que correu menos bem, o que valeu muito a pena e que pormenores não fizeram falta nenhuma. Naqueles dias após o casamento estava tão nas nuvens que tudo parecia excelente!! Mas o tempo já permite ter um discernimento totalmente diferente, e a verdade é que eu gostaria de ter tido este tipo de feedback quando estava a preparar o meu casamento, portanto aqui fica o meu testemunho!!
O que mudaria?
1. Confiar que o padre sabe o que faz
Eheheh, eu sei que isto dito assim é polémico O padre pode saber o que faz, mas parece que não saber que nós não temos obrigação de saber tudo o que ele sabe. Concretizo: posso agradecer o facto de ter sido possível casar a 6 de maio de 2017 ao casamentos.pt, e não ao padre que tratou do nosso processo. O mesmo não pode dizer o casal de emigrantes que casaria no mesmo dia que eu, na mesma igreja que eu, mas que não casou porque o padre se esqueceu de referir que era preciso abrir o processo civil e religioso antes do casamento. É verdade, isto aconteceu. À semelhança de muitos de vós, em agosto de 2016 fomos falar com o padre para saber a disponibilidade de data e para agendarmos o casamento para o nosso grande dia. A data ficou marcada e ele disse-nos que tínhamos de abrir o processo na conservatória civil em fevereiro de 2017, que teríamos de fazer um CPM, em qualquer paróquia, até um mês antes do casamento, e que após o CPM estar feito, bastaria entregar-lhe o certificado. Nunca falou em abrir processo religioso, porque disse que não nos preocupássemos com nada, pois ele trataria de tudo. Não fosse eu a insistir que achava que tinha de ir buscar documentos à minha paróquia - pois casámos na paróquia do Filipe e não na minha -, ele nunca se teria lembrado de nos dizer que seria necessário abrir o processo religioso. E para abrir o processo religioso foi preciso falar e insistir com ele umas 3 vezes. Depois de termos aberto o processo, de termos respondido aos questionários necessários e etc, ele disse que não era necessário mais nada, e eu confiei (estúpida!). Uma semana antes do meu casamento, ligou à mãe do Filipe a informar que não sabia se nos podia casar, porque nós não tínhamos entregue a documentação referente aos padrinhos, da qual, adivinhem, nunca tinha ouvido falar da boca dele. Segundo ele, ainda tinha de seguir tudo para a sede da diocese, e uma semana podia ser curto... Além disso estava chocado por nenhum de nós se ter dirigido a ele para agendarmos as confissões pré-casamento. A minha rica sogra teve o discernimento de não me ter deixado falar com o padre ao telefone, porque eu acho que o tinha desancado naquele momento!! Felizmente resolveu-se tudo, mas podia não ter resolvido... Os outros pobres coitados que já tinham pago tudo e que já tinham vindo da Suíça há com duas semanas de antecedência acabaram por não casar... Na dúvida, se acharem que os vossos padres estão muito descontraídos, vão vendo com eles se não se estão a esquecer de nada...
2. Apostar em pormenores que não faziam falta
Os dois pormenores principais que acho que não faziam falta no meu casamento e que me fizeram queimar tempo e paciência com idealização e resolução de problemas foram as lembranças e o livro de honra. Sempre pensei que as lembranças seriam importantes, principalmente por causa dos mais idosos, que achei que iriam gostar de levar uma lembrança para casa, e apercebi-me que as pessoas não valorizaram assim tanto quanto eu imaginava. O livro de honra também me deu trabalho porque quis idealizar algo diferente do habitual, e, apesar de andar atrás das pessoas para assinarem o livro, acabei o dia com 6 assinaturas. Acresça-se a isto o facto de termos mandado fazer um álbum com as fotos da nossa sessão de namoro para servir de livro de honra, e, com 6 assinaturas, parece que temos só um álbum fotográfico estragado porque 6 pessoas decidiram escrever lá. Se fosse agora, não gastaria dinheiro nem tempo nisso!
3. Pensar primeiro no meu trabalho e só depois no meu casamento
Quando o Filipe me pediu em casamento, em julho de 2016, estava na empresa onde trabalho há uma semana. Como decidimos marcar o casamento para maio de 2017, andei em stress porque o casamento calharia na época alta da minha profissão, e então abdiquei de juntar férias à licença de casamento, pormenor que era necessário para termos a nossa lua-de-mel de sonho, sem termos de abdicar de uns dias anteriores ao casamento para ultimar os pormenores. Fui parva, porque, apesar de termos adorado a nossa lua-de-mel, poderia efetivamente ter feito algo diferente se não tivesse pensado nos outros primeiro. Pormenor importante para quem esteja a passar por algo semelhante: falem com o patrão, mas tentem, pelo menos, fazer como vos apetecer. Não pensem que ficam mais bem-vistos por fazerem isto ou aquilo: no final, ninguém nos agradece por nada. O não está garantido, e se der para fazer como gostaríamos de fazer, melhor ainda...!!
4. Optar por não delegar algumas coisas
Não posso dizer que fui a típica noiva controladora, sobrecarregada com tudo o que eram pormenorzinhos e etc, até porque o Filipe foi um noivo super ativo, o que facilitou imenso a minha vida ao longo de todos os preparativos. Mas acho que havia pormenores que podia ter delegado a 100% noutras pessoas e que não deleguei. Apesar de no grande dia não me ter sentido sobrecarregada, porque tive a presença de espírito de delegar tudinho nesse dia, houve coisas em que acabei por meter o bedelho que eram dispensáveis, como a mesa de comida para os convidados do Filipe na casa dele, a decoração por lá, que quis que fosse "igual" à da quinta, a preparação das pétalas e do arroz para a igreja, a decoração da igreja, etc. Estes pormenores fizeram com que a última semana de preparativos tenha sido intensa e pesada. Tenho plena noção de que, tendo pessoas no nosso círculo de amigos que são 100% disponíveis - inclusivé algumas tiraram férias na semana antes do casamento para ajudar!! -, poderia ter mostrado imagens do que queria, ter optado por ficar mais "à distância" nesse tipo de preparativos e ter dado mais espaço às pessoas de "brilharem" nesses pormenores e ter aproveitado para descansar mais e preparar-me mais para brilhar eu no grande dia. E ainda no seguimento deste ponto...
5. ... Passar a noite da véspera em claro
Eu tenho noção que muito disto foi culpa do nervosismo, mas acho que o excitex do dia anterior não ajudou: estive até à 1h da manhã a decorar a igreja - coisa que poderia ter delegado às amigas e que, mostrando fotos, elas iam conseguir cumprir na boa -, e, quando cheguei à cama, ainda estava feliz por ter noção que a igreja tinha ficado como eu tinha idealizado. Agora acho que teria sido importante planear tudo para deixar aquela noite de véspera livre de acontecimentos, para poder descansar verdadeiramente. Portanto, se fosse hoje, delegava a preparação da igreja por completo às minhas amigas que me ajudaram... Decerto teria ficado tudo bem na mesma, e eu teria descansado um pouco mais...
O que faria igual?
1. Aproveitar um mês de noivado antes de iniciar os preparativos
Sem dúvida que o facto de termos tido aquele mês inicial de noivado para aproveitarmos a excitação, contarmos às pessoas mais próximas e irmos pensando bem como queríamos fazer as coisas foi fundamental para que os preparativos tivessem decorrido de forma calma e sem grandes percalços. Sem dúvida nenhuma é algo que recomendo a toda a gente!!
2. Inscrever-me no casamentos.pt
Esta acho que vocês devem perceber porquê Desde pesquisa de fornecedores, inspirações, situações vividas por outras noivas, debates acerca de diferentes tópicos, esclarecimento de dúvidas, nesta comunidade estamos em aprendizagem constante!! Não tenho dúvidas que o facto de ter sido ativa por aqui ao longo dos preparativos me deu muitas vantagens no que diz respeito ao meu casamento! Aliás, quando sei de alguém que vai casar, aconselho logo que venham conhecer esta comunidade!
3. Guardar uma boa parte do orçamento para fotografia, vídeo e animação de qualidade
Inicialmente eu não estava com muita vontade de gastar um balúrdio em fotos e vídeo, e estava até a ponderar abdicar do vídeo para poder gastar mais dinheiro no fotógrafo, mas o Filipe dissuadiu-me, demonstrando-me que, efetivamente, fotografia e vídeo são o que fica daquilo que se vive no grande dia. Agora não poderia concordar mais com ele, e fico feliz por termos decidido poupar noutros itens (dispensar carro dos noivos, poupar um pouco mais na lua-de-mel, dispensar sapatos de noiva e lingerie tradicionais, etc) para podermos gastar mais dinheiro nesta parte. Outra parte na qual investimos foi na animação (grupo de música ao vivo + cabine de photobooth), e ainda bem que o fizemos, já que a grande maioria dos nossos convidados ainda hoje fala no quão memorável foi o nosso casamento, muito à custa de toda a animação existente.
4. Esquecer as convenções sociais e casar de sapatos rasos
Não uso saltos altos no dia-a-dia, e em festas muito menos, já que o Filipe é pouco mais alto que eu, e que detesto sentir-me mais alta que ele. Como tal, nunca me passou pela cabeça usar outra coisa que não fosse sapatos rasos no dia do meu casamento. No entanto, cometi a imprudência de falar neste pormenor a diferentes pessoas antes do grande dia, e, com excepção da minha mãe, da minha irmã e do Filipe, todas as pessoas me torceram o nariz à ideia. Diziam que não ia ficar nada bem, que nada substitui a elegância de um salto alto, blablabla. No entanto mantive-me fiel à minha cena e casei de sabrinas. Os fotógrafos diziam que nunca tinham visto uma noiva tão saltitante, e eu acredito que em grande parte fosse por, na maioria das vezes, as noivas estarem a sofrer por causa dos pés...!
Neste ponto, acho importante alargar um pouco o âmbito e considerar "esquecer convenções sociais". O casamento é algo tão pessoal que não nos devemos sentir limitados pelo que fica bem, pelo que parece mal, pelo que pensamos que os outros vão achar bem ou mal... O casamento é nosso, e deve ser feito segundo as nossas regras, os nossos gostos e as nossas convicções!
5. Iniciar a licença de casamento uns dias antes, para poder tratar dos últimos preparativos
Sem qualquer dúvida que ter uma semana para ultimar os pormenores finais fez toda a diferença. No nosso caso, que casámos na terra do Filipe e longe da nossa casa e dos nossos trabalhos, teria sido muito mais complicado termos chegado na véspera ou dois dias antes do casamento, pois há muitos pormenores pequeninos que só se consegue mesmo tratar naquela altura... Mais vale contar logo com uns dias de preparativos finais para se conseguir fazer tudo com cabeça, tronco e membros e reduzir ao máximo as hipóteses de alguma coisa dar para o torto.
6. Comer!
Eu consegui comer!! Defini logo de início com os fotógrafos que, ao chegar à quinta, queria 15 minutos para comer qualquer coisa e só depois iniciar fotos com os convidados. Também defini que, durante o almoço, não queria que nos chateassem. Foi o melhor que fizemos!! Desta forma, comemos aperitivos, almoçámos tranquilamente, pelo que podemos dizer que comemos, sim!! A única coisa que não aproveitámos como queríamos foi o buffet, mas como trouxemos as sobras para casa, pudemos provar várias coisas x)
7. Divertir-me e aproveitar o dia ao máximo
Se me perguntarem qual foi o melhor casamento a que fui, respondo sem qualquer modéstia: foi o meu!! Além do óbvio, a verdade é que me diverti à grande e aproveitei cada segundo. Não me preocupei demasiado com o bem-estar dos convidados no próprio dia, pois já me tinha preocupado em garantir tudo para que estivessem bem nos dias anteriores. Não me preocupei com os problemas que surgiram no próprio dia, pois deleguei tudo nas pessoas mais próximas de nós, para que não tivesse preocupações - e, verdade seja dita, não decorreram problemas de maior, portanto também não houve grande coisa para lidar. O que é facto é que, depois de andarmos meses, e no caso de algumas pessoas, anos, a preparar um evento desta envergadura, o melhor mesmo é que gozemos o dia até não podermos mais, até para sentirmos que valeu a pena cada segundo!!
Bons preparativos para todos!! Aproveitem bem, que passa rápido!
Beijinhos