Não gosto de ser dramática mas, há alturas na vida em que temos de nos sujeitar ao que nos dão e tentar fazer o melhor com isso. O COVID-19, desde que começou, já me tirou imensas coisas e hoje, após uma conversa muito dolorosa (com algumas lágrimas e algum ranho à mistura) tirou-nos mais uma: a data inicial do nosso casamento.
Quando entrei para este comunidade, a nossa data inicial era 10 de Abril de 2021. Eu, sendo enfermeira, a bem ou a mal tenho sempre trabalho e acabo sempre por receber o meu ordenado ao fim do mês. O meu noivo, por outro lado, é músico (de uma banda a sério que faz disto vida) e viu o ganha-pão dele para todo o ano de 2020 ser cancelado. Todos os concertos que ele ia dar este ano (e cujo objectivo era amealhar para o nosso casamento) foram adiados para o ano seguinte (2021).
Aquilo que podem não saber sobre ter namorados/noivos/maridos artistas é que somos vítimas das agendas deles. Os planos que muitas vezes temos têm de ser adiados ou suspensos. Não podemos fazer propriamente isso com um casamento e, não querendo prejudicar o trabalho dele (e apesar de me custar horrores) acordei em adiar. Inicialmente ele sugeriu Outubro mas, a verdade, é que nunca me imaginei a casar no Outono. No entanto, e conversando mais um bocadinho, decidimos adiar até Abril de 2022, com um pesar no coração.
O meu noivo disse-me que compreendia (em parte) o porquê de eu estar assim. Que nesta altura isto era a única coisa da qual tinha controlo e que ficar sem ela me estava a desequilibrar. Não é mentira. Com tantas incertezas, o planear o casamento era a minha única constante. Mas financeiramente foi a decisão mais acertada. Sou enfermeira, não sou rica ( ) e não estando ele a receber qualquer tipo de rendimento (para além da SPA e da GDA que não são nenhumas fortunas) seria imprudente ter a festa que sempre quisemos em 2021.
A nossa nova data é 16 de Abril de 2022. Ainda me custa meter isto na cabeça porque estava muito apegada à data inicial. Já tínhamos fotógrafas e videógrafos. Espero conseguir mantê-los senão ai é que me dá uma coisinha má. Já tínhamos orçamento apalavrado para as flores. E já tínhamos dois espaços debaixo de olho.
As minhas madrinhas têm sido umas santas e têm-me dado imenso apoio mas continuo um bocadinho triste. Este estado de emergência, ao fim de 42 dias, deitou-me finalmente abaixo.
Mas seguimos a todo o vapor. E agora vou garantir que tenho mesmo tudo aquilo que sempre quisemos no nosso casamento. Já que adiamos, que seja ainda mais de arromba.
[Espero que gostem do meu primeiro bride journal, irei fazer mais!]